Decisão revela que prefeita de Caseara, marido e filhos receberam dinheiro de empresa investigada pela polícia
Prefeita Ildislene Santana, vice-prefeito e presidente da Câmara de Vereadores foram afastados durante operação. Investigação apura suposta fraude em contratos para locação de veículos. Prefeita Ildislene Santana (DEM) foi presa em flagrante por porte de arma
Divulgação
A decisão do Tribunal de Justiça que autorizou o afastamento da cúpula da Prefeitura de Caseara trouxe uma lista de movimentações financeiras suspeitas envolvendo o representante da empresa investigada. Entre os que receberam dinheiro estão a prefeita Ildislene Santana (DEM), parentes dela e servidores públicos.
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A operação Najas, foi realizada nesta terça-feira (5), resultando no afastamento da prefeita, do vice, vários secretários e servidores públicos, além do presidente da Câmara de Vereadores. O documento que autorizou a ação foi assinado pelo desembargador Pedro Nelson no final de novembro.
A Polícia Civil investiga suposta fraude em contratos para aluguel de veículos, feitos pela prefeitura com a empresa Majas Locadora entre 2017 e 2020.
Entre os indícios de corrupção apontados pela polícia estão diversas transferências de dinheiro. Conforme a investigação, a prefeita, o esposo dela, três filhos, uma irmã e uma sobrinha receberam dinheiro de José Antônio Gomes de Oliveira, representante da empresa Majas Locadora.
Veja as transações descobertas pela polícia:
Ildislene Bernardo da Silva Santana – R$ 6.300
Valter Ferreira Santana (Esposo) – R$ 5.400
Paulo Henrique Silva Santana (Filho) – R$ 27.053,08
Patrícia Silva Santana (Filha) – R$ 7.280,00
Letícia Silva Santana (Filha) – R$ 1.400
Deuzirene Bernarda Silva e Silva (Irmã) – R$ 15.410,00
Ana Paula (Sobrinha) – R$ 3.300,00
Francisco Neto Pereira Braga (Vice-prefeito) – R$ 3.000
Rondinelly da Silva e Souza (Secretário de Saúde) – R$ 3.399,97
Marco Antônio Bento da Costa (Secretário de Educação) – R$ 45.581,08
Neuri Meyer – (Secretário de Administração e Finanças) – R$ 2.000
Ruggere Lopes Rodrigues (Secretário de Esportes) – R$ 1.400
Rivadávia Vitoriano Barros Garção (Procurador do município) – R$ 5.500,00
Cleber Pinto Cavalcante (Presidente da Câmara) – R$ 8.448,00
Maria Eurislaine Moreira Santana (Gerente de controle e arrecadação) – R$ 1.600
José Carlos Gomes Fonseca (Secretário de Infraestrutura e obras) – R$ 400
Deusirene Bernarda Silva e Silva (Secretária Executiva de Governo) – R$ 15.410,00
A advogada Stéfany Galli, que representa a prefeita Ildislene Santana, os familiares dela, assim como de Ruggere Lopes Rodrigues, Neuri Meyer, Deuzirene Bernarda Silva e Silva, e José Carlos Gomes Fonseca, informou que ainda aguarda acesso ao inquérito para se manifestar.
A defesa do vice-prefeito Francisco Neto disse que ainda não teve acesso ao inquérito. O g1 ainda tenta contato com a defesa dos demais citados.
As informações foram adquiridas pela polícia após quebra de sigilo bancário de José Antônio Gomes Oliveira, representante da locadora de veículos que tem contratos investigados. A decisão afirma que ele tinha movimentação incompatível com a natureza da atividade.
A investigação também apontou que moradores da cidade, de origem humilde e ligados à prefeita, fizeram diversas transações em dinheiro para as contas da locadora de veículos. Uma destas pessoas fez pelo menos 50 transferências, totalizando R$ 67 mil.
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Sede de empresa fica em cima de uma açaiteria
Reprodução/TV Anhanguera
Operação Najas
A Operação Najas foi realizada nesta terça-feira (5) em Caseara, na região oeste do Tocantins. Foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão, 14 ordens de afastamento de função pública, 20 medidas cautelares e recolhimento de fianças totalizando R$ 1,64 milhão.
A investigação da Polícia Civil apontou que em 2017 a Prefeitura de Caseara fez três licitações para contratar a locação de veículos. Duas empresas participaram dos pregões e a Majas Locadora sempre apresentavam valores superiores aos da concorrente e mesmo assim foi contratada todas as vezes.
Segundo as investigações, a fraude nas licitações era tão evidente que a locadora não possuía sede física nem veículos disponíveis para locação. O endereço da empresa, em Palmas, fica em cima de uma açaiteria.
São investigados os crimes de fraude em licitações, desvio de recursos públicos, organização criminosa, lavagem de capitais, falsidade ideológica, e demais crimes contra a administração pública.
Veja como o esquema supostamente funcionou.
Durante a operação, a prefeita Ildislene Santana e o vice-prefeito, Francisco Neto Pereira Braga, foram afastados dos cargos por tempo indeterminado, assim como o presidente Câmara de Vereadores, Cleber Pinto Cavalcante, e vários secretários.
Na noite desta terça-feira (5) o vice-presidente da Câmara, vereador Suair Mariano de Melo (PSD) assumiu a prefeitura, durante uma sessão que contou com grande participação dos moradores.
Prefeitura de Caseara foi alvo da Polícia Civil
Polícia Civil/Divulgação
O que dizem os citados
O advogado do secretário de Finanças, Neuri Meyer, afirmou que não teve acesso ao inquérito e a Polícia Civil vai agendar uma oitiva para esclarecimentos e pretende recorrer do afastamento.
Não conseguimos contato com os telefones da empresa Majas Locadora ou com seu representante, José Antônio Gomes de Oliveira. Veja abaixo as notas da prefeita Ildislene Santana, do presidente da Câmara de Vereadores, Cleber Pinto, e da Prefeitura de Caseara:
Nota da prefeita Ildislene Santana
Sobre a operação da Policia Civil, ocorrida em Caseara na data de hoje, 05/12/2023, a defesa da Prefeita Ildislene Santana, vem a público informar:
1- Que não teve, até a presente momento, acesso aos autos do inquérito, cuja habilitação já foi solicitada ao Gabinete do Desembargador Pedro Nelson;
2- Não houve prisão ou detenção da Prefeita pelos fatos do inquérito. A prefeita já foi ouvida na Delegacia de Paraiso e liberada para retornar a Caseara, prestando os esclarecimentos necessários.
3- A defesa, neste momento, aguarda a habilitação no processo, e intervirá contra a decisão de afastamento, por meio dos recursos cabíveis.
4- Sobre a empresa de locação de veículos, o processo de licitação finalizou em 2020, e desde então, não há mais nenhum contrato em vigência, nem mesmo qualquer pagamento a empresa.
5- Por hora, neste momento, são os esclarecimentos que repassamos a imprensa, diante das parcas informações que obtivemos.
Nota do vice-prefeito Franscisco Neto ( Didi)
Sobre a operação da Policia Civil, ocorrida em Caseara/TO na data de hoje, 05/12/2023, a defesa do Vice Prefeito Franscisco Neto Pereira Braga, vem a público informar:
1- Que não teve, até o presente momento, acesso aos autos do inquérito;
2- Que o Vice-Prefeito encontra-se em viagem e em razão disso não compareceu e não foi ouvido ainda, mas logo que retornar irá prestar os esclarecimentos necessários, pois, tem o maior interesse em esclarecer a verdade dos fatos trazidos aos autos do inquérito;
3- A defesa, neste momento, ainda não solicitou sua habilitação no processo em razão de estar fora do Município de Caseara, mas a defesa intervirá contra a decisão de seu afastamento, por meio dos recursos legais e cabíveis;
4- Sobre a empresa de locação de veículos, ficou sabendo apenas através da imprensa que o processo de licitação finalizou em 2020, e que conhece a mesma e os seus representantes, em razão de que os mesmos são de Caseara/TO, cidade pequena onde todos se conhecem.
5 – Que na condição de Vice-Prefeito nunca assumiu o cargo de prefeito, não participou da gestão municipal e tão pouco ordenou despesas relacionadas ao erário municipal de Caseara/TO;
6- Por hora, neste momento, são os esclarecimentos que repassamos a imprensa, diante das parcas informações que obtivemos.
O que diz o presidente da Câmara de Vereadores, Cleber Pinto
Sobre a operação da Policia Civil, ocorrida em Caseara na data de hoje, 05/12/2023, a defesa do Vereador e Presidente da Câmara Municipal, vem a público informar:
1- Que não teve, até a presente momento, acesso aos autos do inquérito, cuja habilitação já foi solicitada ao Gabinete do Desembargador Pedro Nelson;
2- Com relação ao Presidente Cleber, houve somente uma medida de busca e apreensão, já cumprida, e sem qualquer ligação com a Câmara de Vereadores.
3- A defesa, neste momento, aguarda a habilitação no processo, e intervirá contra a decisão de afastamento, por meio dos recursos cabíveis.
5- Por hora, neste momento, são os esclarecimentos que repassamos a imprensa, diante das parcas informações que obtivemos.
Nota da Prefeitura de Caseara
A Prefeitura de Caseara, por meio da sua procuradoria jurídica, vem por meio desta nota, esclarecer sobre a operação da Polícia Civil ocorrida na manhã desta terça-feira (5), que determinou o afastamento temporário da prefeita Ildislene, do vice Didi e dos secretários municipais
Informamos a população que não houve nenhuma prisão decorrente da investigação que ocorre, nem mesmo detenção da prefeita ou de qualquer secretário, sendo essa informação inverídica. Todos foram dirigidos até a delegacia para prestar esclarecimentos aos fatos.
O processo em referência é do ano de 2017 e a empresa não possui contratos em vigência com a prefeitura desde o ano de 2020. Estamos contribuindo com a Polícia Civil, apresentando esclarecimentos e documentos, bem como a posse dos processos de licitação. A defesa da prefeita e dos secretários ainda não teve acesso à decisão nem mesmo aos autos do inquérito, pois sabemos que não há nenhuma ilicitude praticada pela gestão da prefeita Ildislene e de seus secretários.
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