Depoimentos revelam detalhes sobre confusão em bar que causou a morte de soldado da Paraíba
Policial Antônio Ezequiel de Souza Santos, que atirou em Eltas Max Barbosa da Nóbrega, afirmou que não conhecia envolvidos na briga. Câmera de segurança mostra confusão na noite do crime de PM contra policial da PB
As circunstâncias da morte do soldado paraibano Eltas Max Barbosa da Nóbrega, de 33 anos, estão sendo investigadas pela Polícia Civil. Os policiais que estavam no bar da região sul de Palmas e se envolveram em briga com direito a socos e empurrões prestaram depoimentos e revelaram o que aconteceu na madrugada do dia 15 de abril.
Depois de ser baleado, Eltas foi levado para o Hospital Geral de Palmas (HGP), mas não resistiu ao ferimento e morreu na unidade. Antônio Ezequiel se apresentou na delegacia no dia seguinte e está afastado da função. A defesa dele afirmou em nota que, conforme imagens do circuito interno do bar mostraram, não teve troca de socos por parte do soldado Ezequiel. (Veja nota no fim da reportagem)
Era pouco depois das 02h30 da manhã quando o soldado da PM do Tocantins Antônio Ezequiel de Souza Santos chegou no local do crime, acompanhado de um amigo, um sargento da PM. Imagens registradas dentro do bar mostram Antônio Ezequiel usando uma camiseta escura e boné preto.
O soldado paraibano já estava no local acompanhado de amigos, também policiais. Por volta de 3h30, Ezequiel cumprimenta uma mulher conhecida. Ela estava de vestido azul, no centro da imagem.
Soldado Eltas Max Barbosa da Nobrega, da Polícia Militar de Paraíba
Reprodução/Redes sociais
No depoimento, ela foi questionada pelo delegado sobre o comportamento do soldado. Ela chegou ao bar acompanhada de outro policial que estava junto com o grupo de Eltas Max.
“Na verdade, eu não me lembro muito bem, mas tipo assim, ele só me cumprimentou né, ficou de boas, daí ele percebeu que uns homens estavam olhando pra ele, aí ele falou, uai que que foi que esses homens tão olhando… Tipo isso entendeu? Eu falei, não sei não, isso não é nada não”.
O delegado voltou a questionar se Ezequiel estava nervoso e o que tinha acontecido depois. Ela afirmou: “Não, eu falei para ele ficar de boas”.
Outro policial que também prestou depoimento contou a versão do que aconteceu pouco antes do disparo.
“Eu não sabia se era amigo, conhecido. Aí eu tô aqui conversando com meus amigos e ela conversando com ele. Aí eu, espera aí, vou só saber o que tá acontecendo. Aí eu cheguei nela, e perguntei: tá tudo tranquilo aqui? Aí ele já veio, eu falei, moço eu só tô perguntando se tá tudo certo, porque eu cheguei com essa mulher, se tiver tudo certo. Aí ele começou, eu levantei as mãos e fui saindo [sic]”.
Momento que o soldado Eltas Max é baleado em bar de Palmas
Reprodução
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Hora do disparo
Às 3h39 Ezequiel volta a se aproximar do grupo de policiais. Nesse momento, um PM de camisa cinza dá um soco no soldado, situação confirmada em depoimento.
“Eu com intuito, de dar um empurrão para afastar, eu proferi um golpe, meio aberto com a mão no pescoço. Na hora que eu bati, ele nem caiu, de dois passos pra trás, foi a partir desse momento aí, o […] vai um pouco pra frente, foi muito rápido. Ele pegou a pistola, e proferiu um disparo.
Durante a briga, o soldado paraibano dá um soco em uma outra pessoa. É nessa hora que Ezequiel saca a arma e atira em Eltas, que estava desarmado. Ele foi socorrido pelos colegas e carregado para fora do estabelecimento. Depois, ele foi levado para o Hospital Geral de Palmas (HGP), onde morreu.
Militar se apresentou
O soldado Ezequiel deixou o bar e depois se apresentou no Batalhão onde era lotado. Por volta das 10h do dia 15 de abril, se apresentou a uma delegacia da capital acompanhado de um advogado. Ao delegado responsável, ele disse que atirou depois de ser empurrado e que não conhecia os demais policiais após ser questionado.
“Não vi, eu não tinha visto eles, não falei com eles, também não entendi”, afirmou. O delegado também perguntou sobre a quantidade de disparos e Ezequiel disse: “Só um, foi só pra cessar”.
A arma usada para disparar contra Eltas é da Polícia Militar do Tocantins. O policial entrou na Corporação em 2022 e foi afastado das funções pelo Comando Geral na sexta-feira (19).
Relembre
O policial militar da Paraíba foi baleado em bar na madrugada desta segunda-feira (15), em Palmas. De acordo com o Boletim de Ocorrência, testemunhas disseram que houve uma confusão e em seguida os tiros foram disparados. Quando a PM chegou ao bar, Eltas Max já havia sido socorrido por amigos e levada para o HGP.
A PM informou que a vítima não estava matriculada em nenhum curso ou atividade a ser desenvolvida pela instituição.
O corpo do soldado Eltas, que fazia parte do Batalhão de Operações Especiais (BOPE), foi levado velado e sepultado em João Pessoa (PB). Nas redes sociais a Polícia Militar da Paraíba prestou sentimentos a familiares e amigos. “Exemplo de dedicação, zelo e afeto pela Corporação”.
Na Paraíba, policiais dedicaram a semana inteira para homenagear soldado e no fim de semana, uma corrida reuniu centenas de militares e amigos.
Veja nota da defesa do soldado Antônio Ezequiel:
Com base nas imagens, fica claro que não teve troca de socos entre o soldado Ezequiel e os outros polícias. O que realmente ocorreu e está bem evidente no vídeo são as agressões dos polícias contra os dois militares da PMTO. Não há como negar que o Soldado Ezequiel foi, covardemente, agredido com soco na face e pelas costas e logo em seguida o soldado Eltas atacou, também, com socos, o sargento Delgado da PMTO. A Defesa irá pedir acareação […] pois a fala está em desacordo com o vídeo e as imagens.