Falta de transporte escolar deixa crianças sem aula em Palmas: ‘semana de prova’
Cerca de 95 alunos estão sem aulas. Motoristas também fizeram protesto cobrando pagamento de salários e auxílio-alimentação. Pais de alunos protestam pela falta de ônibus do transporte escolar em Palmas
Até a publicação desta reportagem, a CNIT-Serviços de Transportes LTDA não deu retorno sobre o
No assentamento São João I, que fica na zona rural em Palmas, cerca de 95 alunos estão sem aulas por falta de transporte escolar. Nesta segunda-feira (25), pais protestaram em frente à Escola de Tempo Integral Marcos Freire e motoristas reivindicaram o pagamento do salário.
A mãe do estudante Luiz Henrique, Patrícia Neris, contou em entrevista à TV Anhanguera que o marido teve que faltar o serviço em um período para deixar o filho na aula. A família mora na Vila Agrotins, que fica cerca de 30 km de distância do centro da capital.
“Para buscar vai ser a mesma situação. Ele vai ter que deixar o serviço mais cedo para ir buscar. E isso vai prejudicar na parte profissional do meu marido e se não levar a criança vai prejudicar ela nos estudos”.
Pais fazem protesto sobre falta de transporte escolar
Reprodução/TV Anhanguera
A preocupação é maior nesta semana, já que os alunos estão em período de prova. “O meu menino já falou ‘mãe como que vai ser feito, em plena semana de prova eu vou deixar de ir para escola, vou faltar de novo’. Porque no começo das aulas tiveram faltas. Na primeira semana não foram para escola porque não tinha ônibus, só foram depois do carnaval”, disse a mãe.
A prefeitura de Palmas informou que não houve paralisação nesta segunda e que a Secretaria Municipal da Educação registrou falta de motoristas em algumas das rotas e já notificou a empresa prestadora do serviço. (Veja a nota completa abaixo)
Na região das cinco rotas que atendem a comunidade, apenas três estão passando desde o início do ano. As linhas Dona Martinha e Eixão Mineiros estão sem ônibus. Segundo os pais, o problema ainda continua, já que nas três rotas os veículos não estão em boas condições.
“Não tem nenhuma placa de identificação, não tem cinto de segurança, os pneus estão em precariedade. Está um descaso total com os pais e alunos da comunidade São João I”, afirmou a técnica de enfermagem, Alzenira Tavares.
Vistoria do Ministério Público encontrou diversas irregularidades nos ônibus alugados para transporte escolar de Palmas
Franscisca Coelho/MPTO
Na última semana o Ministério Público suspendeu o pagamento de R$ 24 milhões para empresa responsável pelo transporte, após vistorias que apontaram irregularidades. Foi apontada insuficiência de qualificação técnica e econômico-financeira, que impossibilitam o cumprimento do contrato.
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Sem pagamento
Motoristas fazem protesto e cobram pagamento de salário e auxílio-alimentação
Reprodução/TV Anhanguera
Os motoristas também fizeram protestaram, mas para cobrar o pagamento de salários e auxílio-alimentação. A funcionária da empresa Karllyanne Martins, que trabalha como monitora, disse que a equipe passou 60 dias cumprindo as funções sem receber nada.
“Estamos aqui reivindicando o nosso salário porque nós somos mãe, eu sou mãe. Aqui tem pais que necessitam desse salário para por o pão, a comida dentro de casa, pagar nossa água, nossa energia, o remédio para os nossos filhos, a roupa, o calçado. Estamos aqui e não estamos fazendo errado, a gente quer só o que é nosso por direito, trabalhado”, explicou.
Segundo o autônomo, Édson Alves, há casos em que mãe e pai trabalham com o transporte escolar e tiram a renda apenas na empresa.
“Aqui tem funcionário que o marido é motorista e a esposa é monitora. Então depende 100% da renda daqui do transporte escolar. Então não consegue sobreviver e manter as suas despesas sem pagamento”.
Até a publicação desta reportagem, a CNIT-Serviços de Transportes LTDA não deu retorno sobre o caso.
O que diz a Prefeitura
A Prefeitura de Palmas, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), informa que não houve paralisação do transporte escolar nesta segunda-feira, 25. A Semed registrou falta de motoristas em algumas das rotas e já notificou a empresa prestadora do serviço para que o atendimento aos estudantes não seja interrompido. Sobre a situação no assentamento São João, a empresa também já foi notificada e autuada para que realize todas as rotas contratadas de maneira integral.
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