Garçonete morta a facadas em bar queria voltar a estudar: ‘Animada para retomar a vida’, diz primo
Marcilene Alcântara, de 23 anos, foi morta a facadas no domingo (31). O suspeito, linchado após o crime, passou a fazer ameaças após a separação, segundo a família. Despedida será em Araguacema. Marcilene Alcântara tinha 23 anos
Arquivo Pessoal
Marcilene Alcântara, de 23 anos, trabalhava como garçonete e tinha planos de voltar a estudar e cuidar do filho de três anos. Mas foi assassinada pelo ex-companheiro na madrugada deste domingo (31), durante uma festa em um bar de Araguacema, na região oeste do estado. Diante do crime de feminicídio, a família pede por justiça.
O crime aconteceu por volta de 3h, quando Marcilene foi esfaqueada. Chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. O suspeito, de 36 anos, acabou sendo espancado por pessoas que estavam no local e foi levado para o Hospital Regional de Paraíso do Tocantins, sob custódia do Sistema Penitenciário.
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Um primo da vítima que preferiu não se identificar, contou ao g1 que a jovem e o suspeito ficaram juntos por aproximadamente cinco anos e o filho é fruto do relacionamento. Teriam se separado há poucos meses, foi quando ela passou a receber ameaças. Mesmo assim, ela era uma menina alegre e extrovertida, segundo o parente.
“Nunca foi de brigar com ninguém. Sempre alegre e participativa. Ela sempre foi de ajudar os pais, nunca foi de confusão. Uma moça exemplar, alegre com a vida principalmente depois que se separou, que saiu desse relacionamento”, disse.
Apesar disso, o primo confirmou que a vida da jovem virou um ‘inferno’ por causa das ameaças do ex-companheiro.
“O rapaz sempre ameaçando ela, ameaçando o filho, ameaçando a família de morte. Ela chegou a fazer um registro, um B.O. [boletim de ocorrência] contra ele, teve medida protetiva. Porém a medida protetiva não a salvou da violência cruel desse monstro”, lamentou.
O parente de Marcilene afirmou ainda que a festa em que aconteceu o assassinato ficava perto da casa dela e que o suspeito teria aproveitado um momento que ela estaria sozinha para cometer o crime.
“Ele levantou, foi lá e desferiu várias facadas nela. Facadas certeiras que furaram a traqueia, o coração e levou ela ao falecimento”, contou.
Marcilene Alcântara foi morta a facadas pelo companheiro
Arquivo pessoal
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Planos destruídos
A jovem trabalhava na cidade como garçonete e fazia diárias. O primo explicou que ela estava juntando dinheiro e tinha planos de fazer uma faculdade. “Ela terminou o ensino médio e juntava dinheiro para pagar uma faculdade. Como aqui tem aquelas faculdades à distância, ela ia ver o que fazer ainda. Estava animada para retomar a vida”, relembrou.
Além disso, por causa dos problemas com o ex-companheiro, também tentava ficar com a guarda definitiva do filho, explicou o primo. “Ele usava a criança para se aproximar da mãe. Não estava definido ainda [a guarda], mas ele pegava a criança e não deixava a mãe pegar”, afirmou.
Despedida
De acordo com os parentes, o velório acontece na casa da mãe da vítima de feminicídio. O enterro está previsto para a manhã desta segunda-feira (1º), em Araguacema.
A Prefeitura de Araguacema divulgou nota de pesar pela morte da jovem.
Prefeitura de Araguacema lamentou morte
Reprodução/ Redes Sociais
Crime
O crime revoltou quem estava no local onde Marcilene foi morta. De acordo com a Polícia Militar, quando a equipe chegou ao bar encontrou cerca de 100 pessoas aglomeradas ao redor do suspeito, que estava bastante machucado. O dono do bar estava tentando proteger o homem das agressões.
Ainda conforme a PM, o suspeito apresentava sinais de embriaguez e múltiplos ferimentos, incluindo um corte no lado esquerdo do rosto, outro no braço esquerdo, além de inchaço no olho. As pessoas ainda tentaram impedir que os policiais colocassem o homem dentro da viatura, tentando inclusive tomar a arma de um soldado.
A faca utilizada no crime não foi encontrada. Marcilene foi socorrida por pessoas que estavam no local, mas acabou morrendo no hospital.
O homem foi preso e, primeiro, levado para o hospital de Dois Irmãos do Tocantins. Devido à gravidade dos ferimentos, precisou ser encaminhado para o Hospital Regional de Paraíso.
Conforme a SSP, tanto o caso de feminicídio, quanto o linchamento do suspeito serão investigados pela 53ª Delegacia de Araguacema.
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