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06/12/2024
Interno que fugiu e denunciou ter sofrido choque elétrico nos pés deu início às investigações sobre clínica, diz polícia
Tocantins

Interno que fugiu e denunciou ter sofrido choque elétrico nos pés deu início às investigações sobre clínica, diz polícia

fev 8, 2024


A operação investigativa que levou à prisão do casal responsável pela clínica começou em dezembro de 2023. Cerca de 50 internos disseram que eram punidos com trabalhos forçados ou dopados. Delegado diz que investiga crimes de maus-tratos em clínica de reabilitação
As investigações sobre a clínica de reabilitação para dependentes químicos suspeita de manter 70 pessoas em cárcere privado começaram depois que um dos internos conseguiu fugir e prestou queixa na central de atendimento da Polícia Civil em Palmas, no mês de dezembro. Ele disse que chegou a ser torturado com descargas elétricas nos pés.
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O ex-interno prestou depoimento acompanhado de familiares. Ele deu entrada na clínica no início de novembro de 2023 e fugiu do estabelecimento no final do mesmo mês. Conforme o delegado Gregory Almeida, a vítima registrou o crime de tortura.
“Lá [na central] ele foi submetido também a exame de corpo de delito. Na ocasião ele registrou inclusive a prática do crime de tortura, que foi atestado pelo médico legista, descargas elétricas nos seus pés,” disse Almeida.
Conforme o delegado, o ex-interno disse ter sido mais torturado que os outros internos por ter resistido à internação e às ordens dos funcionários.
A prima de outro paciente denunciou que os dependentes químicos da clínica eram colocados em um ‘buraco da punição’. “Se eles fizessem algo de errado ou passassem para o familiar o que estava acontecendo, alguma rebeldia aqui dentro, eles iam para aquele buraco e seriam punidos dentro daquele buraco”, contou Roseane Costa Santos.
Buraco que os pacientes eram obrigados a cavar em caso de desobediências
Polícia Civil/Divulgação
Medicação forçada
Dos 70 pacientes libertados de uma clínica para dependentes químicos na zona rural de Palmas, pelo menos 50 relataram que sofriam maus-tratos e tinham que tomar sedativos. É o que afirmou a Polícia Civil após operação que fechou o estabelecimento e prendeu um casal que administrava o espaço.
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Policiais e equipes da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e Assistência Social estiveram no local na tarde de quarta-feira (7), quando foram confirmadas diversas irregularidades.
Operação foi realizada nesta quarta-feira (7) na clínica, em Palmas
Kaliton Mota/TV Anhanguera
Os nomes dos administradores do local não foram divulgados pela polícia. O g1 e a TV Anhanguera ainda tentam contato com a defesa dos investigados.
Segundo a Polícia Civil, o local não tinha autorização de funcionamento pelos órgãos competentes e a estrutura era precária.
O delegado Gregory Almeida, responsável pela ação, explicou que as grades nas janelas e portas, principalmente nos quartos chamaram a atenção da equipe.
Os policias passaram quase 24 horas colhendo depoimentos dos pacientes e mais da metade disse sofriam agressões físicas. Também nos relatos, os pacientes afirmaram que a clínica usada sedativos como forma de punição.
Um dos quartos da clínica
Kaliton Mota/TV Anhanguera
“Os responsáveis pela clínica não apresentaram a documentação exigida pela lei para submeter pessoas a internações voluntárias e involuntárias”, afirmou a autoridade.
Conforme o delegado, o casal foi autuado em flagrante pelos crimes de maus-tratos, cárcere privado qualificado e furto de energia elétrica. Também há outro inquérito contra o casal pelo crime de tortura. As investigações continuam.
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