Mortes violentas caem, mas crimes cibernéticos e contra mulheres aumentam no Tocantins, aponta Anuário de Segurança Pública
Levantamento divulgado nesta quinta-feira (18) tem informações sobre crimes registrados entre 2022 e 2023. Anuário tem informações das Polícias Civil e Militar, e de outros órgãos
Divulgação/PM
Os novos dados sobre crimes foram divulgados nesta quinta-feira (18) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontou que no Tocantins, mortes violentas tiveram redução, mas diversos tipos de crimes contra mulheres, como violência doméstica e ameaças, além de crimes cibernéticos aumentaram.
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O levantamento leva em consideração informações repassadas pelas polícias Civil e Militar de todos os estados e Distrito Federal, Ministérios Públicos, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outros órgãos, com base nos anos de 2022 e 2023.
Uma das estatísticas que cresceram no Tocantins foram as relacionadas com crimes cibernéticos. Os números relacionados a estelionato e estelionato por meio eletrônico somam 14.365 em 2022 e 15.839 em 2023.
Para o primeiro tipo de estelionato, foram 11.287 e aumentou para 11.796 no período, cerca de 4,5%. Para o crime na forma cibernética, o aumento representou 31,4%, sendo 3.078 em 2022 e 4.043 em 2023.
Um dos casos registrados em 2023 foi o de suspeitos que intermediavam a compra de bens no meio virtual. Um professor de Palmas anunciou uma moto e ao tentar negociar com um possível interessado, acabou no prejuízo. Ele estava vendendo um veículo e chegou a transferir o documento, mas nunca viu a cor do dinheiro.
Racismo e injúria
Registros de injúria racial e racismo tiveram aumento no período do levantamento nacional. Para racismo por homofobia ou transfobia, houve menos casos registrados pelas autoridades competentes.
Na injúria racial, foram dois casos levados à polícia, contra 20 em 2023. Para racismo, houve 30 ocorrências, que aumentaram para 37 no ano passado.
Um caso que chamou a atenção em 2022 e esteve relacionado ao crime de racismo foi o ataque ao vendedor de frutas Hiaggo Henrique. Ele teve o carro incendiado e perdeu toda sua mercadoria. Também sofreu ofensas racistas. O caso aconteceu em Palmas.
Casos de homofobia ou transfobia foram três em 2022 e um em 2023. Lesão corporal dolosa contra população LGBTQI+ também subiu 83,3%, passando de 18 para 33 no ano passado.
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Homicídios e feminicídios
Crimes contra mulheres tiveram dados especificados no Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Os homicídios da população feminina permaneceram com 36 registros nos dois anos citados. Mas os qualificados como crime de feminicídio subiram de 14 para 18.
Um dos casos registrados em 2023 e teve o desfecho neste ano foi a morte de Priscila Lopes Ferreira, de 32 anos. Ela foi esfaqueada pelo marido José Rodrigues Lopes na casa onde moravam, no Aureny III, região sul de Palmas. Em março deste ano ele foi condenado a uma pena de 21 anos, 10 meses e 15 dias de prisão.
Já os números relacionados à violência doméstica – ou lesão corporal dolosa nesse contexto – também são altos. Em 2022, 1.984 chegaram até as autoridades e no ano passado, foram 2.252. Isso representa um aumento de 13,5%.
As medidas protetivas distribuídas pela Justiça para a proteção de mulheres que sofreram violência doméstica pularam de 4.691 para 5.649, ou seja 20,4% a mais em dois anos.
As ameaças contra mulheres aumentaram de 6.321 para 7.537, 19,2% de aumento no período.
Também chama a atenção os registros de perseguição, o chamado stalking e violência psicológica cometidos contra mulheres no Tocantins. Em 2022, 443 vítimas registraram ocorrências e em 2023, houve 615 casos de stalking, aumento de 38,8%.
Em março de 2022, um homem chegou a ser condenado por stalkear a ex-companheira, em Jaú do Tocantins. A pena aplicada foi de um ano e onze meses de reclusão. No ano seguinte um suspeito de perseguir a ex-companheira em São Valério da Natividade, na região sudeste do Tocantins, foi preso. Nos dois casos, os homens não aceitavam o fim do relacionamento.
O aumento nos registros de violência psicológica contra mulheres foi mais tímido, mas pularam de 435 para 471, 8,3% a mais.
Em um panorama nacional com relação ao perfil das vítimas, 66,3%das mulheres vítimas de feminicídio eram negras e 35,8% brancas no ano de 2023. A maioria também tinha idades entre 18 e 24 anos.
Mesmo com altas taxas, os casos de estupros e estupros de vulneráveis tiveram redução no estado. De 162 casos de estupro em 2022, no ano seguinte o dado caiu para 148. Quanto aos estupros de vulneráveis, foram 814 contra 777 nos dois anos citados.
Já os dados de assédio sexual caíram de 68 para 62. Em compensação a importunação sexual pulou de 197 para 238, ou seja, 20,8% a mais.
Mortes violentas intencionais entre 2022 e 2023, onde se enquadram vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais em serviço e fora, totalizam 485 no primeiro ano e 448 no segundo, uma redução de 7,6%.
Confira os números para os tipos de crimes incluídos como mortes violentas:
Mortes violentas entre 2022 e 2023
As tentativas de homicídio tiveram uma redução de 8,3%. Foram 411 em 2022 e 377 no ano passado.
Apesar da redução, o início de 2023 foi marcado por diversos assassinatos. Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) levantados pelo g1, de janeiro a maio foram 65 registros. Entre os casos, um morador de rua que dormia no centro de Palmas foi puxado pelas pernas e morto a pauladas, em fevereiro. No mesmo dia, outro morador de rua foi estrangulado ao lado de um ponto de ônibus.
Roubos e furtos
Os casos de roubos e furtos de veículos no Tocantins também reduziram nos últimos dois anos. Quanto aos roubos, foram 418 em 2022 e 209 em 2023, uma redução de 52,5%.
Nos dados de furtos, que são bem mais elevados, ocorreram 1.499 no ano de 2022 e 1.014 no ano passado, 35,8% dentro do período.
A redução também aconteceu nos registros de roubo e furto de celulares. No ano de 2022 foram 1.833 casos de roubo contra 1.056 no ano seguinte, ou seja, menos 42,4%. Para furtos, o número caiu de 3.430 para 2.750, que significa uma redução de 19,8%.
Conforme o anuário, o Tocantins é o estado com a menor proporção deste tipo de crime em via pública. Mesmo ainda assim foi o local citado em 57,2% dos casos.
Crimes contra crianças
A pornografia infanto-juvenil teve mais registros quando envolve a faixa etária de 10 a 17 anos. Nos registros com vítimas de 10 a 13 anos, foram quatro casos de 2022 e 11 em 2023. De 14 a 17 anos, o número passou de 3 para 10 casos registrados pelas autoridades.
No total, englobando as idades de crianças e adolescentes, de 0 a 17 anos, o aumento entre o período é de sete para 29 casos, uma variação de 314,3%.
Já as mortes violentas intencionais de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos no Tocantins teve redução. Foram 24 casos contra 22 no período do levantamento.
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